II – O
ESPÍRITO DESENCARNADO
1- DESENCARNE
A sensação de voltar ao lar é o que o espírito sente, assim que chega ao
plano espiritual. Quanto mais espiritualizado ele tiver sido em vida, mais
forte é essa sensação. Porque a morte é uma grande evolução, o desencarnado não
encontrará uma vida feita de “milagres”, de fatos surpreendentes. O espírito
continua evoluindo, ainda tem necessidades físicas, descobre que não pode voar,
como fazem os pássaros.
Tudo é aprendizado e ele tem muito o que aprender.
Por enquanto, e talvez até o fim dessa estada na vida espiritual, ele
viverá numa colônia. Mas as regiões espirituais são múltiplas.
O espírito não alcança, imediatamente, essas regiões. Talvez ainda
precise encarnar e desencarnar muitas vezes para se alçar além das colônias
espirituais.
Mas, ora, a vida ali é linda, prazerosa. Isso saberemos mais adiante.
Para a pessoa espiritualizada, o desencarne deixa de ser doloroso. Ela
não vê a morte como o fim da vida, sabe que é uma passagem, um despir-se das
vestes físicas. Sente saudade da Terra, mas essa compreensão ameniza sua dor.
Assim, o espírito retornou ao lar. Mas nem sempre imediatamente. Quem é
bom, mesmo não tendo educação espiritual, é atraído para bons lugares no plano
etéreo. Quem tem conhecimento adapta-se mais facilmente.
2- O PERISPÍRITO
O espírito
desencarna e então permanece como espírito revestido de períspirito.
O
períspirito, seu corpo, tem matéria fluídica. Torna-se um fluido nos espíritos
mais adiantados; os espíritos puros não têm mais períspirito.
Geralmente,
o períspirito tem a forma de seu corpo terrestre. Reveste-se da matéria do planeta
onde está. Pode mudar sua constituição continuamente, tornar-se mais ou menos
fluídico, mudar de aparência.
Nos
espíritos mais atrasados, a aparência pode se tornar horrenda, segundo as
lesões sofridas pelo períspirito ainda no envoltório carnal.
Por que isso
acontece? O períspirito é atingido por todo o mal que uma mente perversa
acumular. Isso provoca constantes lesões nesse corpo fluídico, frágil,
alterando, assim, a sua aparência, visível no mundo espiritual.
Em cada
globo, a substância do períspirito é diferente. Em alguns é mais eterizada. O
espírito, conforme o globo em que está, se reveste da matéria própria desse
mundo, de forma imediata. É uma coisa natural.
Sua
constituição é feita de corpúsculos fluídicos; tem todas as formas dos órgãos materiais,
porém de matéria sutil. Assim, o desencarnado respira, seu coração pulsa, o seu
sangue corre em suas veias.
O
períspirito é cópia exata do corpo carnal. No início tem necessidades
“físicas”, até entendê-las e superá-las.
Como já
disse, espíritos puros não têm mais períspirito, são energia pura. Todos nos
tornaremos espíritos puros, em mais ou menos tempo.
3- PERTURBAÇÃO DO ESPÍRITO
Com a morte,
o organismo espiritual se desgasta, necessitando de terapias de reconstrução. Inicialmente
o espírito se perturba, trazendo ainda os fluidos pesados da Terra.
A perturbação
do espírito após a morte pode durar horas, meses ou anos. Depende de sua
lucidez, imediata ou não.
Frequentemente,
os espíritos ficam adormecidos nos primeiros tempos de hospital ou colônia,
isso para passar sem traumas pelo período de adaptação, em que os encarnados
sentem a perda do ente querido.
Ele adormece
para se proteger da dor dos que ficam. Porque pode sentir intensamente as
vibrações mentais dos que ficaram na Terra, e isso o perturba. Ele também tem
de se recuperar da doença que lhe causou a morte.
As doenças
deixam reflexos no períspirito exatamente na região na qual se desenvolveram. Isso
parece cruel, mas o períspirito é invadido pela doença do corpo ao qual está
colado. Assim, as doenças pelas quais uma pessoa morre sempre são tratadas nos
hospitais espirituais. A chance de recuperação é sempre de 100%. Após o
tratamento, poucos ainda podem permanecer doentes. São casos isolados. São pessoas
que não acreditam ter perdido o corpo físico; na verdade, continuam com a
impressão da doença, não com a doença em si.
Outros,
geralmente os que vivem no Umbral, lesionaram seu períspirito com atitudes
negativas, como remorso, ódio, rancor. A mente tem influência maléfica ou benéfica
sobre o períspirito.
Certas doenças,
em especial o câncer, podem derivar de sentimentos destrutivos. A pessoa, no
caso, cultiva a cólera, o rancor, a inveja, o desprezo, e então o tumor se
forma primeiro no períspirito, bem como a úlcera. Só depois se reflete no
corpo, através dos canais fluídicos de ligação entre períspirito e corpo.
Isso parece
cruel demais? Quer dizer que as crianças com câncer tiveram sentimentos
destrutivos, ódio, mágoa? Certamente não, crianças são inocentes, mas se levarmos
em conta que são espíritos que já nascem com sua carga de experiências e provas
na Terra, então entenderemos que talvez já tenham vindo para essa vida com um períspirito
lesionado, frágil, e que agora precisem pagar sua dívida.
Espíritos que
chegam mutilados, geralmente gastaram sua vida no mal. Assim, muitos criminosos
sexuais chegam loucos à esfera espiritual, assassinos têm as mãos dilaceradas,
as pernas paralíticas ou decepadas. Muitos dos que cultivam ódios profundos
chegam cegos ou surdos.
Não eram
assim no plano físico, mas o abuso de certos órgãos pode ocasionar lesões tão sérias
no períspirito, que chegam sem eles.
Um fígado
maltratado, mesmo que não tenha sido a causa da morte, pode causar o fato de o períspirito
aparecer sem o fígado.
Uma mão
usada para matar pode aniquilar a mão espiritual, daí tantos aleijados nas regiões
do Umbral e Trevas.
Tudo isso se
refaz depois, o corpo ganha uma nova mão e um novo fígado, mas essa reconstrução
pode levar anos. E só depois de o espírito se adiantar.
O espírito é
livre e são. As doenças mentais são, de verdade, males cerebrais.
São doenças
do físico. Quando o espírito deixa o corpo, por meio da morte, ele está livre da
loucura, ele está são. Mas não imediatamente. A pessoa que foi louca, em
qualquer grau, o foi por algum motivo. Teve de nascer nesse cérebro defeituoso
por alguma razão. E leva, imediatamente à morte, a impressão da loucura.
Mas no plano
espiritual, em mais ou menos tempo, se refaz, o corpo astral é regenerado e ela
volta à lucidez, que é uma propriedade do espírito.
A loucura
tem um significado: é o pagamento de uma dívida contraída pelo espírito, ela só
tem sentido no plano terreno. Se até um assassino tem a oportunidade de se
recuperar, por que um louco teria de sofrer mais?
Muitos espíritos
vagam pela Terra e se afeiçoam a um lugar.
São espíritos
de vibração baixa, que não conseguem subir. Podem passar anos nessa vida,
sempre nos mesmos lugares. São as “Almas Penadas”, os que assombram casas,
geralmente, e não fazem mal a ninguém.
Os socorristas
só podem se aproximar e leva-los aos hospitais ou postos de socorro quando
voltam seu pensamento a Deus, porque então vibram mais alto e seu períspirito se
torna mais fluídico.
Muitos espíritos
podem ficar presos numa espécie de cadeia energética, ouvindo os lamentos e
vendo o desespero dos que ficaram. Não podem enxergar e ouvir a
espiritualidade, estão profundamente ligados aos encarnados que sofrem,
atrasando, assim, o seu socorro e sua recuperação.
Outros ficam
presos aos cemitérios, por suas baixas vibrações; vivem ali, junto ao corpo em
decomposição. Não podem ou não conseguem abandonar o corpo físico. Há muitos
espíritos que ficam vagando nos cemitérios, sem saber que já estão mortos.
Isso parece
muito triste? Pois é mesmo.
Nos cemitérios
há muitos espíritos arruaceiros, presos às vibrações da crosta e Umbral. Ficam ali,
assustando os que ficaram presos aos corpos enterrados, aos sepulcros,
induzindo-os à loucura, aparecendo para eles sob a forma de terríveis monstros.
Tudo isso é
uma pena, pois esses espíritos ficam presos à matéria, transitando na crosta e
nos cemitérios, vivendo nos umbrais, sem poder ver os socorristas, de matéria
muito mais sutil.
A “prisão”
do espírito se localiza no Umbral e suas regiões, muito próximas da crosta
terrestre. Não há grades. O espírito fica preso ali devido às suas vibrações
densas.
Quando sua
mente se limpa, finalmente sua vibração se torna mais sutil, mais alta, estando
pronto para ser atendido nas colônias. Então é que o espírito se liberta. Sua mente
se elevou.
Pode agora
abandonar o Umbral e suas regiões. Isso é uma lei espiritual. Não há tribunais
de torturas ou abismos do inferno no mundo espiritual.
O espírito é
visto no seu todo; ele está impregnado do bem e do mal que fez a si mesmo e aos
outros. Isso está refletido amplamente no seu períspirito, tornando-o forte ou
fraco, saudável ou doente.
Uma vida de
miséria, em que o corpo físico sofreu muito, torna o períspirito doente. Mas é
infinitamente mais fácil curar essa doença provocada pela miséria física do que
a doença provocada pela miséria moral.
As mazelas
causadas por uma personalidade cruel, egoísta, narcisista, ambiciosa, deixam
sequelas no períspirito muito mais consideráveis.
Às vezes,
leva-se até muitos anos para curar totalmente o corpo fluídico, pois também se
faz necessária a predisposição mental em mudar. Os médicos têm muito mais
trabalho com um egoísta do que com um miserável.
Certamente,
certos transtornos da personalidade, certas tendências ao crime e à crueldade,
não se curam na espiritualidade. A pessoa deverá reencarnar, viver uma nova
vida, “aprender na carne” uma vez mais. Moldar seu espírito na carne, e também
expiar na carne, ter novas oportunidades, novas provas.
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